Mais uma vez me recordando das aventuras vividas como profissional de saúde, assisti algumas mortes que me marcaram profundamente! Tanto como trabalhador como ser-humano, fazendo plantão no pronto socorro, tínhamos em observação, aguardando ser internado um jovem adolescente de apenas 14 anos. Estava em uma sala muito pequena e apertada deitado em uma maca, gemia de dor, que era intensa e cada vez aumentava mais! O pai do lado um senhor muito humilde e sereno o acompanhava naquele momento, cuidamos dele a noite toda.
O menino havia se machucado em uma brincadeira de futebol na casa onde morava, há alguns anos antes e lhe aparecer um ferida na perna, latejava e as vezes sangrava muito, com o tempo recebeu o diagnóstico que aquele ferimento se transformara em um câncer! Tentou vérios tipos de tratamento mais infelizmente não teve jeito, estava em fase terminal da doença, na adolescência o sofrimento é maior, sua dor apenas era aliviada com uso de "morfina" e em doses que cada vez ficavam mais altas, chegando até a super dosagens, sem cura foi se agravando, para pior aquelas nodulações se espalhou pelo corpo todo, era terrível acompanhar aquele sofrimento do menino, o cheiro extremamente fétido, não conseguíamos atendê-lo sem o uso de mascaras, teve períodos que tínhamos que colocar duas máscaras, o pai ao lado já impregnado com o odor, não percebia mais o quanto era fétido.
O jovem gritava e pedia "tio, dolantina, tio, dolantina", ouvíamos isso centenas de vezes, não tinha quem não se comovesse com a situação, choro! Já não possuía mais lágrimas o sofrimento era demasiado, a eutanásia, que nesse caso até poderia ser utilizada, mas ninguém pode abreviar o processo do morrer, levou alguns dias e ele faleceu, deixando de sofrer e agonizar solicitando ardentemente pelo ópio da morfina.
Lidar com a morte e o sofrimento não é fácil! Mas aliviar o sofrimento é o nosso trabalho, coragem para encarar tudo isso, tiramos forças dos dons divinos, onde encontramos o nosso apoio psicológico para intervirmos junto as pessoas que estão nesse processo do adoecer e do morrer! A enfermagem convive com isso todos os dias, dor, tristeza, agonia, perdas e sofrimento exacerbado. Que Deus abençoe todos os profissionais de saúde que fazem plantões por esses hospitais no mundo a fora, ganham pouco e dedicam suas vidas para salvarem e aliviarem sofrimento alheio.
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