domingo, 3 de fevereiro de 2013

ERA APENAS, PNEUMONIA!

  Hoje foi um daqueles dias difíceis, perdi o sono de madrugada, lá pelas 3 hs. Quando consegui dormir, fui acordado por duas amigas e uma senhora, irmã de uma grande amiga que está internada e em fase terminal de câncer! Me disseram que ela estava muito mal e que queria me ver. O seu quadro se agravou muito nos últimos dias e hoje, respirava com muita dificuldade, usando mascara de oxigênio.

  Ao pedir que me chamasse, a mesma queria que conversasse com o médico que estava cuidando dela, para que a entubasse e a colocá-se em um respirador! Fiquei preso por alguns instantes, sabia pelo conhecimento que tenho, que nesses casos a medicina não prolonga a vida. A falência dos órgãos, o figado, rins e pulmões, dificultam a sobre vivência. Como ninguém quer morrer e é um direito de cada ser vivo, de lutar até o último momento.

  Fiquei muito triste com a situação, primeiro, por gostar muito dessa amiga, segundo pela impotência, não só minha mas da medicina e de toda a equipe multiprofissional. Ainda não aceitamos, que esse mal, ceife tantas vidas, ainda mais como á de uma jovem senhora. Pela fé em Deus, podemos e devemos acreditar até no último momento.

  Conversei com ela, alisando seus cabelos, segurando a mascara que lhe dava esperança com o oxigênio, acariciando sua pele, balbuciei algumas palavras de conforto, tentando de uma forma bem longe, que a mesma era uma guerreira! Você vencerá! Não foi fácil, mas foi o que fiz. Sabe aquelas pessoas que nós achamos que deveria ser imune a morte desse jeito, essa era ela. Amiga, companheira, sempre cuidando das pessoas, enfim, uma pessoa de muita luz.

  Sai para fora, fomos tomar um café e falar sobre a doença, que insiste em levar as pessoas para o outro lado. Antes de sair o meu telefone chama, era um agente de saúde que trabalha comigo, me dizendo que uma senhora, que eu havia colocado soro no dia anterior havia falecido. A mesma estrava com febre muito alta, o remédio não fazia efeito e muito menos as compressas frias, nada dava jeito! A encaminhei ao PAM, para que fosse avaliada e se possível internada.

  Antes disso há uns três dias atrás, tinha sido encaminhada ao Hospital, avaliada por um médico, estava com o mesmo quadro clinico. Embora ela tivesse tido dois derrames e ser diabética, carregando algumas sequelas, a mesma estava bem de saúde! O profissional de saúde fora mito negligente, não utilizou os meios de diagnósticos, não tirou nenhum RX e muito menos percebeu a febre e uma discreta tosse, simplesmente á liberou, passando apenas um omeprazol, dizendo que a infecção era proveniente do estômago, assim voltou para casa, não suportando á infecção, ontem voltou ao mesmo hospital, acredito que era outro profissional e a mesma teve o diagnóstico de pneumonia, porém não suportando, veio a falecer, parada cardio respiratória.
 
  Como podemos tratar as pessoas desse jeito? Como terminar um dia, sabendo que a negligência mata mais do que as doenças. Não somos donos da vida! Mas enquanto vivemos, podemos mudar a vida de outras pessoas. Se for o caso, acompanhar a pessoa no processo do morrer! Não sabemos nossa hora, as vezes podemos ir até antes dos que estão moribundos, não nos cabe dizer quantos dias ou horas de vida uma pessoa tem, temos que acreditar até o último momento, porém sem vender ilusões.

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