E AGORA, QUEM OCUPARÁ O LUGAR DO ARTUZI?

 Vou deixar essa lembrança! Em uma de suas peraltices, me deixou em uma sinuca de bico!!

   Depois de alguns dias pós morte desse fenômeno eleitoral, resolvi discorrer algumas palavras, cheguei até pensar em falar dos anos que fiz política com ele, da convivência, do aprendizado, sei que vai fazer falta. Não encontrei palavras por mais que me esforçasse, li e reli alguns textos que escreveram sobre ele, mas nenhum me chamou a atenção! Contar sobre sua trajetória nesse momento, creio que seja chover no molhado. Falar da sua alegria, vitalidade, que respirava política o tempo todo, nem comia e muito menos bebia algum liquido, de vez em quando comia bananas, também só bananas para aguentar o pique! Não era fácil acompanhá-lo, tanto que na eleição de deputado, um todo poderoso me chamou e perguntou; O que fazemos para frear o Artuzi? Pensei, pensei e disse; Não tem jeito! O homem não para! É combustão pura. O meu inter locutor não acreditou e deu no que deu, só em Dourados mais de 31 mil votos! Nessa eleição perdi a minha voz, pedindo votos, acreditando em um projeto político, sonhando que pessoas humildes pudessem chegar ao poder pelo povo! anos mais tarde pude perceber, que não é bem assim.

  Quando esse guerreiro me pediu para apoiá-lo para prefeito, quase tive um "treco", tentei desaconselhá-lo por várias vezes mais foi em vão! Pessoas já tinham iludido o homem do povo! Disse a ele que ser prefeito, para quem gosta de política é o último cargo, pois tudo "é culpa do prefeito", até mesmo quando falta uma dipirona no posto de saúde. Ele estava convicto e foi o que aconteceu, se tornou alcaide da segunda cidade do estado do Mato Grosso do Sul e com isso veio todos os problemas que muita gente conhece, perseguição e mais perseguição, não teve um dia se quer, que pudesse dizer hoje há paz! Uma simples palavra e pronto, já virava um barulho daqueles. Hoje para se ter uma ideia acontecem coisas do "do arco da velha", o silêncio reina, ninguém se arrisca a comentar. Falar que o "gaúcho", como diziam os mais próximos não tinha tempo para sua família, seus amigos e familiares, era uma rotina diária, tinha orgulho de dizer que conhecia a cidade como a palma da mão, pior que conhecia mesmo! Tinha a capacidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo, que ligava para a pessoa e perguntava, onde você está? E o danado estava perto, só pra ver se mentia ou não, corria contra o tempo! Por várias vezes cheguei a imaginar que um dia morreria em um acidente de trânsito, pela pressa que tinha! Bem que a morte tentou ceifá-lo no ano em que ganhou a sua primeira eleição de deputado, mas não conseguiu.

  Falar que um dia eu acabei reprimindo-o por pedir dipirona no PAM, não sabia, mas pegava os remédios para dar aos pobres, que não tinham condições de vir até o médico! Chegava de madrugada no plantão com a sua pequena Juliana no colo, vinha o Ari trazer mais serviço para nós, era qualquer dor, qualquer febre e a qualquer hora lá estava ele com suas havaianas. Muitos me falavam, se ele rouba com certeza ele divide com os pobres! Tipo um Robin Hood da política. Falar dele, hoje depois de morto não é fácil! Acompanhei boa parte do seu tratamento, embora um pouco cético quanto a sua cura, devido ao prognóstico, mas Deus colocou uma mulher virtuosa em sua vida, não há conhecia, mas em poucos dias fui vendo aquela mulher, suas atitudes e a sua fé! Ela dizia "Deus vai curá-lo", fez por ele tudo aquilo que fez pelo povo. Acolheu em seus braços e o saciou de amor e de respeito e acima de tudo, zelo. Esse anjo tem nome! Marinete.

  E agora, quem assumirá o seu eleitorado? Algumas pessoas falam em viúvas do Artuzi. Pessoas da comunidade, homens e mulheres simples, donas de casa a pequenos comerciantes que viam no Ari uma esperança! Pode aparecer alguém que chegue perto do seu carisma, da sua força física e resistência, mas desapegado a valores principalmente financeiros, eu duvido! No ano passado ajudei na eleição o então hoje presidente da câmara Idenor Machado! Nunca tinha feito política com os "Machados", mas como a vida da voltas, estava lá! Andei rua por rua com uma figura carismática e muito querida, que me fez lembrar dos bons tempos de caminhada "Artuziana". Na minha adolescência ouvia falar demais dessa figura, o então ex-deputado "Valdenir Machado", hoje analisando de quem poderá assumir esse papel, lembrei que o então cartorário do Panambi realmente tem esse perfil, não que ocupará todo o espaço deixado pelo o Ari, mas de grande parte com certeza, poderá contar com esse político.

  Dizer aos amigos que não é fácil concluir uma história, que pelo menos não era para ser tão precoce! Mas Deus sabe o motivo, nada é por acaso! Tudo tem um propósito. Quem sabe faz a hora e não espera acontecer. Hei vamos embora! Termino dizendo, essa história não acaba aqui.