Feliz e apaixonado pela família Luis Leal chega aos 82 anos depois de se entusiasmar com as Matas de Dourados.
Luis Leal com sua esposa Maria Macedo Leal - Foto: Nicanor Coelho
Passava-se o ano de 1958. Ou era 1960? Ele não se lembra muito bem! O fato é que Luis Leal, um capixaba de Cachoeiro de Itapemirim aportou em Dourados com sua esposa Maria Macedo Leal para visitar os sogros. Do alto de seus quase 82 anos, que serão completados em 23 de maio do ano que vem, o bem humorado Leal não é muito afeito a guardar datas, principalmente aquelas mais remotas.
Antes de conhecer a exuberância das matas da Colônia Agrícola Nacional de Dourados que vivia uma explosão demográfica, a exemplo do seu conterrâneo Roberto Carlos, deixou seu Pequeno Cachoeiro foi para o Rio de Janeiro para voltar e não voltou. Preferiu fugir para a Mata de Dourados que recebia migrantes de várias partes do Brasil, principalmente nordestinos, que atender o chamado de Getúlio Vargas, e aderiram à Marcha para o Oeste com o fito desbravar e povoar o sertão da “fronteira onde o Brasil foi Paraguai”.
Esquerda
pra direita atrás Cristina Leal, Sandra Helena leal, Marcel Leal Ormy
Leal Isis leal e no colo Mariana, Leal no meio, Luiz Leal e Maria Leal
abaixo Luiz Pedro Leal e Anael Leal(crianças)
Foto: Álbum de família
Foto: Álbum de família
Leal, um bom kardecista, saiu de sua terra natal, foi para Honório Gurgel, na Cidade Maravilhosa onde fazia atendimentos. Em Belford Roxo conheceu a pernambucana de Exu, Maria Macedo, nascida em 30 de outubro de 1938, sua “leal” companheira até hoje. Luis, agora fazer excelente exercício de memória que captura datas mais que importantes para um homem apaixonado por sua mulher. Ele lembra com nitidez que conheceu Maria em agosto, firmou o noivado em novembro; e em maio do ano seguinte casou-se com aquela que sempre sorri ao seu lado.
O octogenário é apaixonado pela dança de salão e aqui ensaia alguns passos com sua filha Ormy- Foto: Álbum de Família
Este mesmo vigor genético que lhe mantém vivo e com um lancinante sorriso, formou uma boa prole. São sete filhos com a sua Maria. Deste tronco vários galhos: dezenove netos e cinco bisnetos. Uma grande família. Leal e Maria se esbaldaram nas tetas da mãe terra de Dourados, deixaram os familiares e bateram em retirada para o Rio de Janeiro. Depois disso, Leal voltou mais duas vezes para Dourados, sempre apaixonado pela terra e pelos frutos que ela dava.
E não é que Luís Leal conseguiu mudar de corpo e alma para Dourados trazendo a família e até as tralhas velhas? Isso mesmo, como ele não lembra muito de datas e a sua Neguinha não estava mais perto disse que este retorno foi em mil novecentos e sessenta e cacetada e mil novecentos e setenta e poucos.
Luiz Leal com sua Maria durante uma das rápidas passadinhas na cozinha
Foto: Álbum de Família
Foto: Álbum de Família
O amigo Cíder Cersózimo, famoso vereador da época, conseguiu realocá-lo na no Ministério da Fazenda onde se aposentou como servidor da Receita Federal. Quando veio do Rio de Janeiro, Luís Leal trouxe na “bagagem” apenas a filha Isis. Aqui no Mato Grosso do Sul com a participação de Maria, concebeu Sandra, André Marcel, Cristina, Ormy e Benvindo.
Luiz Leal e sua irmã Rosa Mery e a esposa Maria Macedo em frente a um cenro espírita no Rio de Janeiro - Foto: Álbum de Família
Foi por volta de 2004 que Leal passou a brincar de esportista. Foi no SESC (Serviço Social do Comércio) que nosso “velhinho garotão” aos 72 anos transformou-se no rei das piscinas. A partir daí nunca mais parou de praticar esportes como a bocha e também o voleibol. Ganhou muitas medalhas e troféus que formam uma coleção. “Sócio” do Centro de Convivência do Idoso André Chamorro da Rua Cafelândia é que ele engalana suas tardes fagueiras e majestosos passos de dança.
Nosso
“velhinho garotão” aos 72 anos transformou-se no rei das piscinas e
ganhou diversas medalhas e troféus em competições no Sesc - Foto:
Nicanor Coelho
Leal, o garoto oitentão, o homem de alma boa, se esforça para um galardão ad infinitum, porque aqui na terra já granjeou sua grei e trouxe para si uma vida bem vivida e um legado de excelentes exemplos para seus filhos, netos e bisnetos e para todos aqueles que tiveram a oportunidade de saborear do seu convívio ou, minimamente, conhecer o seu caráter.
Luiz com Maria se refrescando na piscina da sua casa
Foto: Álbum de Família
Foto: Álbum de Família
Ele relata que em Dourados desde o minuto que pisou seus pés por aqui sentiu que a terra de Joaquim Teixeira, de Marçal Tupã-Y e de tantos ouros heróis anônimos que repousam no Santo Antonio de Pádua era s-i-m-p-l-e-s-m-e-n-t-e linda. Não fisicamente, mas pela sua espiritualidade. “Aqui vi a beleza do povo e vi que Dourados é, sempre foi e continuará sendo uma cidade angelical. Um lugar de evolução espiritual”, disse Leal que entre as dezenas de momentos de profunda comunhão com a natureza, como o cosmo e com Deus, comprovou o que sente por esta terra.
Para Luís, aquele que passou ou está em Dourados tem que crescer espiritualmente. Ou Dourados faz a mudança transformadora ou sucumbe.
Esse é o recado ele que dá para quem dirige o município. Dourados é um porto de passagem onde repousa as dores, todas das dores de vidência, vividas por Weimar Torres e transformada em poesias no póstumo “Meus Versos” reeditado recentemente.
Esse é Luis Leal. Isso é um pouco de Luís Leal. O resto são outras histórias e tantas outras estórias. Conheça Leal, uma enciclopédia que não tem cópias.
Luis
Leal e sua esposa Maria Macedo Leal, sentados numa cadeira de fio
especialmente fabricada para unir o casal - Foto: Nicanor Coelho
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